Amigo na Web
Alunos falam sobre o Livro
Um Amigo Muito Querido
Conhecemo-nos há muitos anos, se calhar vimo-nos logo que nascemos, porque os nossos pais são amigos há muito tempo.
Chama-se Lorenzo, mas sempre o tratámos por Lorenzino, se calhar foi porque quando éramos pequenos e se fazia um concurso para ver quem era o maior, eu ganhava sempre. Mas ele só é uns meses mais novo do que eu.
Sempre foi tímido, mas é muito delicado e muito querido.
Se calhar, é por causa de ser tímido que eu gosto dele: aprecio mais os elogios de uma pessoa que nunca diz nada do que os das pessoas que levam a vida a elogiar-me.
Lembro-me de que, quando tínhamos três anos, ele era o meu “namorado”. Uma vez, deu-me um anel em forma de serpentina, que ainda tenho no dedo. Quer dizer… antigamente usava-o no dedo médio e agora uso-o no dedo mindinho e nunca hei de tirá-lo: é a minha jóia preferida porque foi ele quem ma deu.
Gostamos de estar juntos e sempre fizemos tudo para a abelhuda da irmã dele não se meter nas nossas brincadeiras.
Para falar verdade, o Lorenzo não é lá muito bonito, mas é muito querido e, como eu simpatizo com ele, ainda é mais bonito: não é muito alto e é bastante magro.
Tem cabelos escuros, curtos e lisos, os olhos são pretos, o nariz um pouco achatado, a boca pequena, de lábios grossos.
Não faz nada para agradar: veste-se normalmente e tem sempre despenteado e é muito meigo.
Mudou muito, desde os dois ou três anos, mas há uma coisa em que não cresceu: quando éramos pequenos, acreditávamos em fantasmas, bruxas, fadas, gnomos, no Pai Natal e no ratinho que vinha roubar-nos o dentinho que caía e deixava dinheiro em troca.
Passávamos serões inteiros a falar disso, a sonhar, a pensar na melhor maneira de dar cabo das bruxas. Agora, já temos os dois dez anos: eu já não acredito nessas coisas, ele ainda está muito interessado e, nas poucas vezes em que estamos juntos, leva-me para o quarto e pede-me para lhe dar notícias dos últimos fantasmas que vi.
Tenho muita confiança com o Lori, ele tem menos confiança comigo, mas não me importo: o que conta é que nunca havemos de nos separar e havemos de ser sempre amigos a sério!!
Alice Sturiale, O Livro de Alice, Ed. Presença (Adaptado)
Comments (0)
You don't have permission to comment on this page.